O retrato que ela guardava na memória ainda era nítido, mas já não recordava o momento certo em que afrouxaram-se os laços de cumplicidade. Foi tudo tão rápido. Um misto de Dor e Alívio... Aquela cena não era mais um trago das lembranças do passado, Mas era o último suspiro de dor para alcançar a liberdade. Nesse dia a medida equivalente de uma dose não foi calculada. E ela Bebeu e Tragou tudo. Tudo o que restava de dose de lembranças. Bebia e Tragava incalculáveis vezes, num curto período de tempo... E nada acontecia, nada sentia... Aquela sensação de "estado de embriaguez" não aconteceu, o calor já não passava na sua corrente sanguínea, nem mesmo as Múltiplas Sensações que antes sentia quando tragava, sequer fizeram cócegas. Nenhuma lágrima caiu do seu rosto. Mas ela se afogou naquilo, no mais profundo dos pensamentos, tentando achar pelo menos uma gota do que antes sentia. Afinal essa ainda era é uma droga socialmente aceitável. Ela consumiu Tudo. E quando foi chegando a última dose... Depois de tantos reforços... Destilou tudo. E quando veio a "Ressaca" percebeu que não era mais Dependente. Nenhuma célula foi destruída, nenhuma inflamação ou cicatriz. E nenhum órgão foi a falência. Mesmo sendo esse o seu único vício. Era essa a sua última dose.
Vou lembrar até me esquecer de te esquecer. Vou lembrar até quando você esquecer de lembrar
Vou lembrar sempre que tentar esquecer você. Mas serão apenas lembranças. Pequenas doses de lembranças.
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