domingo, 29 de janeiro de 2012

Encarando a realidade...


Sabe, as vezes me pergunto se não é mais uma passagem, se não é mais um pouso sem compromisso à espera da próxima estação... É que você pousou aqui tantas vezes, no mesmo lugar e em épocas diferentes que é difícil acreditar que dessa vez não haverá mais uma decolagem. Não quero aqui reclamar das várias turbulências que você me causou durante meus voos, sempre solitários e rasantes... Tenho que confessar que em boa parte dessas viagens perdi minha estabilidade e minha capacidade máxima de sustentação. Mas, aprendi o momento exato de abortar uma decolagem. Fiz isso algumas vezes. Em outras arremeti, dei voltas e mais voltas procurando o momento exato e as condições necessárias para fazer um pouso seguro. No entanto não tive referência visual de sua pista, você sequer sinalizou. Lembro-me que refiz essa operação incansáveis vezes. Meras operações sem atitude de decisão e sem alcance visual de pista. Ninguém imagina quanta paciência e auto-controle tive quer ter para não fazer um pouso forçado. A verdade é que meu motor quase parou. Mas, prefiro pensar que eu não tinha alcançado a velocidade ideal para a descida e que à época os ventos não eram ideais. Acredito na influência das condições meteorológicas, ou pelo menos tenho que acreditar nisso. Não quero pensar no fato de termos construído pistas paralelas. Porque por mais manobras que eu fizesse em nenhum momento nossas pistas se Cruzariam. Então deixo tudo isso de lado. Afinal dizem que pensar no mal, atrai o mal. Ventos laterais e opostos, por favor não cruzem o meu caminho. Dessa vez a turbulência pode ser fatal. Pronto, parei de reclamar! Todos esses pousos e decolagens me fizeram ter resistência e aderência na pista. Na minha pista. Por outro lado meus medos ficaram maiores. Mas, minha torre de controle está tomando as melhores decisões possíveis para conseguir manter um voo seguro e estável. Também apelei para Deus para que o céu esteja limpo, calmo e claro. É estou em manutenção. Estou trocando algumas peças que antes eu achava fundamentais, remodulando e construindo um novo pavimento, flexível, mas concreto. Para que você não tenha que simplesmente aceitar minhas condições e limites. E para que mesmo com toda essa distância entre si, consigamos ter operações de pouso e decolagem juntos. Porque acredito nisso. Só peço uma coisa não cause danos a esse novo pavimento.